quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Múmias e suas descobertas!!





Múmias e outras peças em exposição contam a história de algumas doenças.

Crânios de milhares de anos podem indicar a presença de doenças muito antigas como a hidrocefalia. (Fotos: Ana Limp).
Dentes com cárie e tártaro, ossos com marcas de fratura, múmias... À primeira vista, o cenário pode parecer bizarro. Mas, na verdade, essas são algumas peças encontradas em uma exposição para lá de curiosa, que traz a história das doenças ao longo de milhares de anos. A mostra Paleopatologia – O estudo da doença no passado , em cartaz no Museu da Vida, no Rio de Janeiro, nos ajuda a entender como muitas doenças conhecidas atualmente já causavam transtornos para quem viveu há muito tempo. Uma mandíbula de 2.750 anos, por exemplo, revela que o homem pré-histórico já sofria com dor de dente. Isso porque os dentes que até hoje ela apresenta possuem sinais de cárie. Já uma outra peça das 60 que estão em exposição – uma cabeça do século 19 – mostra como é antiga a hidrocefalia – uma moléstia que torna o crânio mais largo. “A paleopatologia teve início no século 18, com os estudos de ossos fossilizados que apresentavam deformações, e procura entender o processo de saúde e doença ao longo do tempo”, explica Sheila Mendonça de Souza, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, organizadora da mostra. Mais do que dentes ou crânios, porém, as grandes vedetes da exposição são as múmias trazidas de várias regiões do mundo, como Peru, Egito e até Brasil. Elas são de grande importância para a paleopatologia, uma vez que, para os cientistas, pequenos sinais nos corpos encontrados podem significar que ali houve fraturas, doenças, agressões e até revelar hábitos dos seres humanos que viveram no passado. E por falar em hábitos... Embora a mostra em cartaz no Museu da Vida tenha como foco as doenças do passado, a cultura dos povos antigos não ficou de fora. Muitos dos costumes de certas populações estão registrados na exposição, como as cabeças reduzidas, que um povo chamado Jívaro, originário do Equador, fazia (veja o boxe). Eles arrancavam e diminuíam as cabeças dos guerreiros que capturavam. “Os povos que praticavam essa técnica acreditavam na divindade. Eles eram muito espiritualizados e tinham a crença de que se fortaleciam com essa prática”, explica Sheila Mendonça. Na exposição, também podem ser vistos armas, cestos e outros utensílios do passado. Até uma espiga e grãos de milho de 3.500 anos, encontrados intactos, são apresentados. E, para encerrar, você ainda pode bancar o arqueólogo: o cientista que estuda os antigos povos que habitaram a Terra. Isso porque uma oficina lhe dá a chance de procurar vestígios de outros tempos.
Cathia Abreu Ciência Hoje das Crianças 26/06/2007